Na cozinha, seu santuário, as cinco bananas descansavam na fruteira.
Na vida, o descanso era descascá-las, empurrar goela a baixo e aceitar.
Naquele dia, depois de enterrar o marido, misturou a canela com o açúcar e ponderou:
Se não houvesse ido à feira teria salvado João?
Não.
O sal era o mesmo das lágrimas e agora não servia para nada.
Jogou para a panela a mistura do açúcar e canela.
Picou as bananas e esperou a calda ficar no ponto.
A vida era assim mesmo.
João compreenderia.
Pobre João! Morreu sozinho enquanto.a mulher estava na feira , talvez comprando as bananas que comeria depois, com açúcar e canela. A vida tem destas armadilhas, minha sogra morreu sozinha enquanto sua filha estava na farmácia, veja só: comprando os remédios. Um.momento de prazer depois da dor da perda. A vida continua mesmo. João há de entender.
Curto. Um tantinho irônico. Muito bom.
Beijos.
Obrigada, Iolandinha, pelo comentário. A vida tem dessas coisas, não é? Não sabemos quando vamos, quem vai primeiro. O jeito é seguir vivendo.
Beijos e abraços carinhosos!