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(Evelyn Postali)
Olhai, olhai!
Elas se levantam,
Em pontas ao céu erigido
Azuis e cinzas rígidos,
De pampa e terra e cavalo.
Olhai, olhai!
Deste solo de minuano
A tocar uma canção funérea
De corpo, de sangue,
De pó, de bandeira e pialo.
Erguei as lanças,
Ó, lanceiros, erguei!
Erguei suas vozes
Contra a injustiça dos vis.
Erguei a memória
Coroada e simbólica
Neste solo sagrado
Em desafio a ardis.
Erguei as lanças,
Ó, lanceiros, erguei!
Pela coragem na luta
Pela derrota iníqua,
Carrasca labuta.
Erguei suas vozes,
Ó, lanceiros, erguei!
Fiéis e bravos
Contra bradalhões
Acima dos pagos,
Acima de algozes,
Erguei!
Que o tempo de espera
Não é mais forte que a fera
Do presente amargo presente,
Dizei!
E dos grilhões arrastados
E montas creditadas
Erguei as lanças e lutai,
E vencei!
Este poema compõe o livro 50 Textos do Cinquentenário do 20 de Novembro. É um poema que aborda uma pequena fração da Revolução Farroupilha e da história dos lanceiros negros.

