O Cão, o Velho e o Mar – Miniconto

Créditos da imagem: Evelyn Postali

O CÃO, O VELHO E O MAR

Desceu do carro e foi em direção ao mar, aquela imensidão azul de voz murmurante morrendo na areia. Segurou o cão no colo, aquela criatura peluda minúscula que o fizera esquecer as amarguras, mas não fizera a dor afastar-se por mais travessuras e brincadeiras que engendrasse.

Parou diante da água. De terno escuro e camisa branca, observou a quietude da praia isolada. As ondas molharam os sapatos.

O cão estava velho e doente. Ele, morria todos os dias.

“Só alguns metros para frente. Alguns passos para dentro.”

Hesitou.

— Ainda há o que se viver? – perguntou como se esperasse uma resposta do mar.

O puxão no casaco veio logo em seguida. A mão e o cabelo grisalho denunciavam a idade do homem que o tirava para trás.

— Ainda há o que se viver — afirmou um velho descalço, de olhar reprovador, apoiado na bengala.

Deixou-se levar para fora.

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