Durante o ano de 2021, exercitei minha escrita através de imagens manipuladas digitalmente; fotografias minhas, editadas e transformadas a partir de filtros de aplicativos. Dessas imagens, surgiram minicontos dentro do gênero fantástico – ficção científica, terror, fantasia.
Este PDF foi feito pensando nos leitores desse blog. Boa leitura!
E, se não for pedir muito e se você quiser me fazer feliz, deixe um comentário sobre os exercícios de escrita desse conjunto de textos. Abraço!
EM UM BRASIL FANTÁSTICO, POUCA FANTASIA SE ESCREVE? Sempre me pergunto o porquê eu escolher, dentro da Literatura, além da Poesia, livros de Literatura Fantástica. E sempre encontro a mesma resposta: encantamento. Quando eu era criança, Julio Verne engrenava a … Continuar lendo →
Vasculhou as prateleiras aéreas. Encontrou biscoitos e pão. Abriu o refrigerador. Separou a carne, embalando-a em um recipiente de plástico. Depois, o queijo, em outro, e o leite. Várias caixas de leite. Juntou um dos guardanapos maiores e colocou dentro da cesta. Organizou os itens lado a lado. Abriu as portas do balcão debaixo e retirou algumas latas de conserva. Abriu-as, colocando o conteúdo em outro pote. No dia seguinte, precisaria fazer uma visita ao supermercado.
A mãe, sentada à janela, recostada na cadeira estofada, segurava o cordão de contas e dividia a atenção entre o jardim multicolorido em seus desenhos labirínticos e a movimentação do filho. “Caprichoso”, sempre pensava, lembrando-se em como a delicadeza fazia parte da vida de Anton. Desde criança, em pequenas incursões pelos arredores, juntando coisas, analisando, fazendo experiências. Depois, adulto, os estudos mais complicados, o amontoado de livros, de vidros, de líquidos coloridos, seguindo os passos do pai.
O pai… O pai sentiria orgulho. Um filho inteligente, recluso, mas inteligente, dono de uma propriedade daquele tamanho, comprada com o trabalho de pesquisa realizado naquelas grandes corporações industriais. Ao vê-lo assim, homem feito, dono de uma pequena fortuna, sim, o pai encheria o peito e sustentaria o mesmo olhar altivo da época em que arrecadava reconhecimento pelas descobertas químicas.
― Eu não me demoro ― beijou-a na testa. ― Vou até o cercado 3.
― O cercado 3?
― É, mãe. Preciso alimentar os dinossauros.
Ela o segurou pelo braço e disse a única coisa que era possível dizer. ― Tenha cuidado.
O Mercador de Tapetes
“I am not from here My soul came from the land of deserts, Date trees & Oasises I can sense it in my love of watching golden red sun sets In my longing for the endlessness of the desert For The Oasis & The lone veiled passenger wandering to give his secret of alchemy to the Worthiest”
~ Hoorayen Fatima ~
“Moro ao sul do grande deserto, a leste do único e mais antigo oásis”, respondeu Amir para a criança, enquanto escolhia os panos vermelhos.
O comércio de algodão aquece a economia de Mázaca, uma cidade situada na rota dos viajantes e mercadores do mundo. Pinturas nas paredes, esculturas de barro, espelhos de obsidiana e baixos-relevos emprestam charme às ruas de chão batido, de panos nas janelas e toldos coloridos. A cidade se estende em uma planície verdejante, rodeada de colinas com florestas ao pé de um vulcão.
“É muito longe?”
“Mais de 8 luas, pequeno Damat”, respondeu o mercador.
Amir viaja duas, três vezes ao ano dependendo da demanda. Leva especiarias da sua região e volta com tecidos e tapetes. Sua caravana é pequena, composta por 10 camelos. O mais velho e mais bem cuidado; herança de seu pai.
“Pode levar o Peregrino com você?”, apontou para o homem a poucos passos deles. “Ele precisa chegar ao oásis e você é o escolhido.”
Amir analisou o homem de muita idade em vestes modestas segurando um cajado.
“Talvez seja bom trocar a companhia da solidão pela companhia de alguém.”
O garoto não esperou. Saiu em direção ao velho, recebeu algumas moedas e desapareceu pela ruela lateral. Amir aproximou-se do homem e cumprimentou-o com reverência.
“Sou Amir, de Sharurah, filho de Emir de Najram. Minha caravana parte antes do sol. Posso colocar seus pertences em um dos camelos.”
“Tudo o que carrego está aqui comigo”, e retribui a saudação, sou ‘Shaheen’.
No alvorecer, a caravana partiu. Amir seguiu na frente, seguido de perto pelo Peregrino. Foram 8 luas de pouca conversa. O mercador, acostumado com o silêncio, entendia que o velho poupava fôlego. Ora caminhando, ora sobre um camelo, a paisagem não mudava. Areia para todo o lado, um ou outro oásis para abastecer os cantis e matar a sede. Em todo o trajeto, Amir observou o falcão sobrevoar sua caravana. “Bons presságios, Shaheen” apontou para o céu e o velho assentiu. “Uma jornada tranquila.”
“Um caminho horado,” acrescentou o Peregrino.
No último oásis, perto da hora do pôr-do-sol, o Peregrino sentou-se ao lado de Amir, aceitando o cantil e servindo-se de um pouco.
“Está na hora de eu partir.”
O sol, descendo no horizonte, avermelhava a areia e o verde da vegetação ao redor do oásis dourava.
“Estamos perto da minha aldeia. Mais um dia e meio”, explicou o mercador, atiçando o fogo. “Poderá descansar em minha humilde casa e, depois, seguir viagem.”
Nos olhos do Peregrino, o brilho do sol e do fogo se misturaram. Era velho não só pela barba e cabelos brancos. Estendeu seu bastão a Amir. “Um presente.” Amir o tomou para si. “Aceite.” E, do alto, o falcão soltou sua voz poderosa e rouca enquanto corrupiava. “Minha jornada termina aqui e a sua começa hoje, Amir, de Sharurah, filho de Emir, de Najram. Haverá dias de luta, de tornar o espírito forte, de fazer valer a Lei.” E dizendo isso, silenciou e fechou os olhos, como se meditasse. O falcão desceu do alto e assentou-se no ombro de Amir, deslumbrado pela presença da ave e completamente arrebatado pelo momento. E quando o deserto mergulhou no último raio de sol, a poeira ao redor de Shaheen ergueu-se e ele evaporou-se junto dela.
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