Vamos falar de contistas…

Créditos da Imagem: Ju Calafange

Pra falar da Ju, eu trago um trecho de um conto…

Aqui nesse beco foi onde o Diabo se sentou para descansar. Descansar da vida no inferno, que é muito dura. Sem pausas para recreio. No inferno não há cadeiras para sentar. É preciso estar de pé, sempre. No inferno é tudo muito seco e quente, não há deleite, nem doce, nem bebida refrescante. No inferno não tem nada.

Mas afinal de contas o Diabo também precisa de descanso às vezes. E é com isso que estou contando hoje. (…)”

Esse conto tem como título Cadeira do Diabo. Leia na íntegra AQUI.

Por que escolhi esse conto? Porque ele apresenta uma atmosfera densa e evocativa. A vida na rua é habilmente comparada à imagem desoladora do inferno, criando uma metáfora poderosa que reflete as dificuldades e desafios da existência. Apesar da aparente resignação e aceitação das circunstâncias, a voz narrativa expressa anseios e questionamentos sobre o sentido da vida. Através dessa narrativa perspicaz, Ju lança uma crítica sutil às desigualdades sociais, explorando temas como pobreza, criminalidade e desamparo. O conto desenvolve de forma intrigante cada parte da balança – o morador de rua e o diabo – e sugere complexidade em suas personalidades e relacionamentos. O final enigmático, com a sugestão de que a pedra se assentará no colo do Diabo e se transformará em pó, nos deixa com uma sensação de mistério e fascínio, questionando o desfecho da história e convidando à reflexão sobre os temas abordados. Assim, através de sua imagética forte, uso de metáforas e desenvolvimento de personagens, o conto cria uma experiência de leitura envolvente e memorável. Depois de ler, perguntei a mim mesma se o inferno é lá, onde o diabo não senta, ou se é aqui, em meio a tanta aridez de sentimento, onde o sofrimento é velado, ou cego. No final da leitura, fiquei sem saber como classificar o lugar onde vivemos, porque não podemos chamá-lo de paraíso. A injustiça, o egoísmo e a insensatez moram ao nosso lado todos os dias, a cada passo que damos e percebemos o quão insignificante é o ser humano para alguns outros que se dizem seres humanos.

Agora eu vou dizer da Ju Calafange de outro jeito: ela é carioca, atriz e gestora cultural. Em 2010 venceu o Concurso Literário Dia do Escritor, com o conto Vício Silencioso. Hoje, faz parte do Coletivo As Contistas e também escreve roteiros para cinema e TV. Tem contos e poemas publicados nas coletâneas Devaneios Improváveis – quinta antologia (Org. Gustavo Araujo, Entre Contos, 2018), Mulheres em Verbo (Org. Bia Machado, Caligo, 2019), Toda-Mulher-Vaga-Lume (Coleção Pangeia, Urutau, 2021), Revista A Fonte (4ª Edição, 2022) e Zarpadas (Abarca Editorial, 2023).

Então, quero convidar vocês a lerem os textos da Ju no blog dAs Contistas. Clica AQUI, para ler os títulos dos contos. Bora ler?

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