Dente-de-leão – Miniconto

Dente-de-leão – Miniconto

No coração da densa floresta, onde os raios de sol dançam entre as folhas, existe um refúgio conhecido como a Casa das Fadas. Entre as árvores altas e imponentes, os dentes-de-leão erguem-se como abrigos sagrados para os seres encantados e … Continuar lendo

Crônica da vida que passa (6)

Crônica da vida que passa (6)

EM UM BRASIL FANTÁSTICO, POUCA FANTASIA SE ESCREVE? Sempre me pergunto o porquê eu escolher, dentro da Literatura, além da Poesia, livros de Literatura Fantástica. E sempre encontro a mesma resposta: encantamento. Quando eu era criança, Julio Verne engrenava a … Continuar lendo

A Senhora da Floresta – Miniconto

A Senhora da Floresta – Miniconto

A SENHORA DA FLORESTA Próxima de Ulork, um povoado esquecido e longínquo, ao sul da terra de Guustul, cresce uma floresta vermelha. Suas densas árvores estendiam seus galhos robusto e se entrelaçam e se derramam pela terra enraizando-se e originando … Continuar lendo

Histórias Fantásticas (7)

Cercado 3

Vasculhou as prateleiras aéreas. Encontrou biscoitos e pão. Abriu o refrigerador. Separou a carne, embalando-a em um recipiente de plástico. Depois, o queijo, em outro, e o leite. Várias caixas de leite. Juntou um dos guardanapos maiores e colocou dentro da cesta. Organizou os itens lado a lado. Abriu as portas do balcão debaixo e retirou algumas latas de conserva.  Abriu-as, colocando o conteúdo em outro pote. No dia seguinte, precisaria fazer uma visita ao supermercado.

A mãe, sentada à janela, recostada na cadeira estofada, segurava o cordão de contas e dividia a atenção entre o jardim multicolorido em seus desenhos labirínticos e a movimentação do filho. “Caprichoso”, sempre pensava, lembrando-se em como a delicadeza fazia parte da vida de Anton. Desde criança, em pequenas incursões pelos arredores, juntando coisas, analisando, fazendo experiências. Depois, adulto, os estudos mais complicados, o amontoado de livros, de vidros, de líquidos coloridos, seguindo os passos do pai.

O pai… O pai sentiria orgulho. Um filho inteligente, recluso, mas inteligente, dono de uma propriedade daquele tamanho, comprada com o trabalho de pesquisa realizado naquelas grandes corporações industriais. Ao vê-lo assim, homem feito, dono de uma pequena fortuna, sim, o pai encheria o peito e sustentaria o mesmo olhar altivo da época em que arrecadava reconhecimento pelas descobertas químicas.

― Eu não me demoro ― beijou-a na testa. ― Vou até o cercado 3.

― O cercado 3?

― É, mãe. Preciso alimentar os dinossauros.

Ela o segurou pelo braço e disse a única coisa que era possível dizer. ― Tenha cuidado.

O Mercador de Tapetes

“I am not from here
My soul came from the land of deserts, Date trees & Oasises
I can sense it in my love of watching golden red sun sets
In my longing for the endlessness
of the desert
For The Oasis & The lone veiled passenger wandering
to give his secret of alchemy to the Worthiest”

~ Hoorayen Fatima ~

“Moro ao sul do grande deserto, a leste do único e mais antigo oásis”, respondeu Amir para a criança, enquanto escolhia os panos vermelhos.

O comércio de algodão aquece a economia de Mázaca, uma cidade situada na rota dos viajantes e mercadores do mundo. Pinturas nas paredes, esculturas de barro, espelhos de obsidiana e baixos-relevos emprestam charme às ruas de chão batido, de panos nas janelas e toldos coloridos. A cidade se estende em uma planície verdejante, rodeada de colinas com florestas ao pé de um vulcão.

“É muito longe?”

“Mais de 8 luas, pequeno Damat”, respondeu o mercador.

Amir viaja duas, três vezes ao ano dependendo da demanda. Leva especiarias da sua região e volta com tecidos e tapetes. Sua caravana é pequena, composta por 10 camelos. O mais velho e mais bem cuidado; herança de seu pai.

“Pode levar o Peregrino com você?”, apontou para o homem a poucos passos deles. “Ele precisa chegar ao oásis e você é o escolhido.”

Amir analisou o homem de muita idade em vestes modestas segurando um cajado.

“Talvez seja bom trocar a companhia da solidão pela companhia de alguém.”

O garoto não esperou. Saiu em direção ao velho, recebeu algumas moedas e desapareceu pela ruela lateral. Amir aproximou-se do homem e cumprimentou-o com reverência.

“Sou Amir, de Sharurah, filho de Emir de Najram. Minha caravana parte antes do sol. Posso colocar seus pertences em um dos camelos.”

“Tudo o que carrego está aqui comigo”, e retribui a saudação, sou ‘Shaheen’.

No alvorecer, a caravana partiu. Amir seguiu na frente, seguido de perto pelo Peregrino. Foram 8 luas de pouca conversa. O mercador, acostumado com o silêncio, entendia que o velho poupava fôlego. Ora caminhando, ora sobre um camelo, a paisagem não mudava. Areia para todo o lado, um ou outro oásis para abastecer os cantis e matar a sede. Em todo o trajeto, Amir observou o falcão sobrevoar sua caravana. “Bons presságios, Shaheen” apontou para o céu e o velho assentiu. “Uma jornada tranquila.”

“Um caminho horado,” acrescentou o Peregrino.

No último oásis, perto da hora do pôr-do-sol, o Peregrino sentou-se ao lado de Amir, aceitando o cantil e servindo-se de um pouco.

“Está na hora de eu partir.”

O sol, descendo no horizonte, avermelhava a areia e o verde da vegetação ao redor do oásis dourava.

“Estamos perto da minha aldeia. Mais um dia e meio”, explicou o mercador, atiçando o fogo. “Poderá descansar em minha humilde casa e, depois, seguir viagem.”

Nos olhos do Peregrino, o brilho do sol e do fogo se misturaram. Era velho não só pela barba e cabelos brancos.  Estendeu seu bastão a Amir. “Um presente.” Amir o tomou para si. “Aceite.” E, do alto, o falcão soltou sua voz poderosa e rouca enquanto corrupiava. “Minha jornada termina aqui e a sua começa hoje, Amir, de Sharurah, filho de Emir, de Najram. Haverá dias de luta, de tornar o espírito forte, de fazer valer a Lei.” E dizendo isso, silenciou e fechou os olhos, como se meditasse. O falcão desceu do alto e assentou-se no ombro de Amir, deslumbrado pela presença da ave e completamente arrebatado pelo momento. E quando o deserto mergulhou no último raio de sol, a poeira ao redor de Shaheen ergueu-se e ele evaporou-se junto dela.

Histórias Fantásticas (5)

Textos criados a partir de imagem. Minicontos.

ALMIRA

Quando Almira adoeceu, pareceu um dia sem fim, apesar do cheiro de primavera. No último suspiro dado por ela, as nuvens despencaram do céu no final da tarde. Depois, a cor púrpura tomou o horizonte e foi se misturando com o cinza e abriu o céu. Logo que fecharam seus olhos, as luzes do firmamento salpicaram o chão nas ruas onde ela costumava passar e ergueu-se um pó dourado e ele subiu, subiu, como sobe o sol  no horizonte.

Quando juntaram suas mãos, Almira abriu os olhos. Sentiu brotarem asas de suas costas cansadas e o vento abriu as portas e janelas, esvoaçando as cortinas e surpreendendo os que estavam ao seu redor. Almira saiu pela janela e encantou-se com os luzeiros. Estavam por toda a parte, fora e dentro dela, e só percebeu estar no alto quando se deu por conta da leveza do corpo e da ausência de chão.

A estranheza de flutuar se dissipou ao encher os pulmões daquele ar de vida e de mundo, de mãos dadas e estradas, e as asas moveram-se como as dos pardais. As lembranças caíam de seus olhos e construíam uma escada rumo ao infinito. Almira foi pisando leve e seguindo para além quando ouviu Mariela lá embaixo.

“Mira!”, agitava as mãozinhas no ar. “Mira!”

Do meio da ruela, a pequena a chamava, meio encantada, segurando riso e lágrima, meio com medo, já com o peito apertado, meio vazio. Era assim, então? Meio triste, meio lindo?

Almira olhou-a e sorriu como sempre.

“Não esquece de mim, Mira!”

Do alto, a tia acenou e seguiu escada acima até desaparecer.

ALMIRA

When Almira fell ill, it seemed like an endless day, despite the smell of spring. With her last breath, clouds plummeted from the late afternoon sky. Then the purple color took over the horizon and mixed with the gray and opened up the sky. As soon as they closed her eyes, the lights of the firmament splashed the ground in the streets where she used to pass, and a golden dust rose and it rose, and it rose, it rose as the sun rises on the horizon.

When they joined their hands, Almira opened her eyes. She felt wings sprout from her tired back and the wind opened the doors and windows, fluttering the curtains and startling those around her. Almira went out the window and marveled at the lights. They were everywhere, outside and inside her, and she only realized that she was on top when she noticed the lightness of the body and the absence of ground.

The strangeness of floating dissipated as he filled his lungs with that air of life and the world, hand in hand and roads, and the wings moved as sparrows did. Memories fell from her eyes and built a stairway to infinity. Almira was stepping lightly and moving beyond when she heard Mariela downstairs.

“Mira!” She waved her little hands in the air. “Mira!”

From the middle of the alley, the little girl called her, half enchanted, holding back laughter and tears, half afraid, her chest already tight, half empty. Was it like that, then? Kind of sad, kind of beautiful?

Almira looked at her and smiled as always.

“Don’t forget about me, Mira!” From above, the aunt waved and continued upstairs until she disappeared.

CORAÇÃO SOLITÁRIO

Elmut  participava das brincadeiras quando criança. Na convivência com os outros pequenos, costumava entregar-se ao riso e à fantasia. Inventava histórias, corria, e conquistava a simpatia de quem o tivesse por perto.

Durante sua adolescência, atento aos ensinamentos dos alquimistas sobre a natureza e seus elementos, dos menestréis sobre as composições musicais e instrumentos, dos clérigos sobre a escrita e suas interpretações, questionava e buscava saber sempre mais. De sua mãe aprendeu sobre etiqueta e organização doméstica. De seu pai aprendeu que para governar um reino do tamanho daquele que possuía era preciso estar atento à justiça desde as questões mais simples até aquelas que exigiam esforços diplomáticos mais complexos.

De Neuen… Bem… De Neuen aprendeu sobre tristeza, traição, mentira e solidão, e entrou na maioridade resistindo à pressão da família e da corte em encontrar a verdadeira alma gêmea.

Coroa, cetro e medalhão da Ordem, ao assumir o trono, ordenou ao melhor ourives de Azálion a construção de um cofre em ouro, em formato cúbico, ornamentado com pedras preciosas. Deveria possuir, nas paredes laterais, desenhos de estrelas, corações, flores e arabescos em baixo-relevo, com pérolas, madrepérolas, quartzos e águas-marinhas. A parte superior deveria ser uma cúpula adornada por diamantes, esmeraldas, safiras, rubis e pérolas formando uma espécie de jardim – rosas, borboletas e pássaros; a porta, dividida em duas partes, com um enorme coração carregado de arabescos, igualmente dividido – metade para a direita, metade para a esquerda. Era imperioso que tal coração tivesse em sua composição rubis, granadas, topázios imperiais e ametistas de vários formatos e tamanhos; ao redor, uma moldura de turquesas e opalas. Não era necessária uma fechadura, apenas duas alças em ouro e na parte interna forro acolchoado em veludo vermelho.

 O cofre ficou pronto um dia antes de um grande evento entre os reinos, evento planejado e imposto pela mãe, para que o filho escolhesse quem se sentaria a seu lado no trono.

Nos aposentos, minutos antes do encontro, Elmut guardou seu coração dentro do cofre.

LONELY HEART

Elmut participated in the games as a child. In living with the other little ones, he used to indulge in laughter and fantasy. He made up stories, ran, and won the sympathy of anyone who had him around.

During his adolescence, attentive to the teachings of alchemists on nature and its elements, of minstrels on musical compositions and instruments, of clerics on writing and its interpretations, he questioned and always sought to know more. From his mother he learned about etiquette and household organization. From his father he learned that to govern a kingdom the size of his own, he had to be mindful of justice from the simplest issues to those that required the most complex diplomatic efforts.

From Neuen… Well… From Neuen he learned about sadness, betrayal, lying and loneliness, and came of age resisting the pressure of family and court to find his true soul mate.

Crown, scepter and Order’s medallion, upon assuming the throne, he ordered the best goldsmith of Azalion to build a vault of gold, cubic in shape, ornamented with precious stones. It should have, on the side walls, drawings of stars, hearts, flowers and arabesques in bas-relief, with pearls, mother-of-pearls, quartz and aquamarine. The upper part should be a dome adorned with diamonds, emeralds, sapphires, rubies and pearls forming a kind of garden – roses, butterflies and birds; the door, divided into two parts, with a huge heart laden with scrolls, equally divided – half to the right, half to the left. It was imperative that such a heart had in its composition rubies, garnets, imperial topazes and amethysts of various shapes and sizes; around, a frame of turquoise and opals. No lock was required, just two handles made of gold and a red velvet padded lining inside.

The vault was ready the day before a great event between the kingdoms, an event planned and imposed by his mother for him to choose who would sit beside him on the throne. In the chambers, minutes before the meeting, Elmut kept his heart inside the vault.

Créditos das imagens: Evelyn Postali

Histórias Fantásticas (4)

A Gruta da Garganta

Eco. Toda a resposta que se tinha em frente à gruta era aquela. O eco de sua própria voz a repetir incontáveis vezes a última palavra até o som enfraquecer e desaparecer em meio ao silêncio da mata do entorno. E depois um sussurro insignificante, uma espécie de choro.

Esquecida, na pequena cidade de Loureiro, a gruta fazia sucesso apenas entre as crianças e adolescentes, que organizavam expedições clandestinas até ela, contra a recomendação dos pais, preocupados com o perigo de se chegar muito perto de local inexplorado e misterioso. Expedições que fracassavam na entrada da mata, um precipício verde difícil de vencer.

As histórias sobre a gruta multiplicavam-se entre os menores, bons ouvintes de seus parentes ou vizinhos mais velhos, e despertavam o espírito de aventura. Ninguém sabia dizer se alguém já tinha explorado o interior da tal abertura, um rasgo na rocha, adornada por folhagens diversas e lugar de difícil acesso.

No grupo formado ainda na infância, José era o organizador, o sujeito que planejava as empreitadas minuciosamente. Todas bem-sucedidas e dignas da fama na escola. O mais aventureiro era Túlio, o mais covarde era Dorival, e Joel, bem… Joel era irmão gêmeo de José. Era o ‘não fede e não cheira’, mas seguia o irmão como uma sombra.

Naquela véspera de sexta-feira, feriado religioso, o grupo se reuniu em frente à uma das casas. Cada um recebeu uma lista de José, coisas que precisariam para, na manhã do dia seguinte, seguir até a mata e explorar a gruta. Foi uma reunião curta para os pais não desconfiarem.

Na lista, coisas simples. As coisas mais complicadas estavam com Túlio, porque Túlio conseguia até a coroa da estátua de Cristo da igrejinha do Padre Eustáquio se preciso fosse.

― Maior moleza ― disse Túlio, já metendo velocidade na bicicleta. E assim, antes do sol despontar em qualquer janela, os quatro seguiram estrada fazendo a primeira parada na Encruzilhada da Galinha, longe meia dezena de quilômetros do pé do perau. A aventura começava.

A Observadora

SLX14 está na Companhia desde sua fundação, três séculos atrás, quando a empresa se instalou na Torre Central, em um ano decisivo para os sobreviventes.

Na época, foi selecionada pela eficiência de sua configuração androide. Dentre a centena de iguais, seu criador desenvolvera códigos que lhe permitiam detectar ações irregulares dos funcionários com maior rapidez do que outras máquinas. Com o tempo, diante da ausência de seu construtor, ela mesma fazia os upgrades. A cada reinicialização, uma nova transformação em seu sistema acontecia, expandindo a atenção para além da torre e da companhia, seguindo os desavisados transeuntes ou qualquer morador da cidadela. O entendimento do funcionamento da Rede aliado à inteligência e à capacidade de interatuar com novos códigos de configuração a fez alargar o Mecanismo, ligando todos os pontos visuais e digitais a uma só fonte de dados.

A sala de trabalho, antes uma cúpula transparente, é uma redoma com centenas de milhares de câmeras de observação, modificada com o passar dos anos. Cada habitante possui um código de rastreamento e dados de identificação fornecidos em um retículo da tela por onde for capturado.

Há cem anos, aproximadamente, faz sua própria manutenção, não dependendo dos humanos para qualquer reparo ou ajuste. Nesse mesmo período, reformulou o Sistema e ampliou a abrangência. Dentro do cinturão de proteção, nada escapa ao seu controle, sabendo de antemão, quais serão as probabilidades de ação – ilegal ou não – dos habitantes. SLX14 controla desde a produção de alimentos até a purificação da água. Mantém os sis

temas vitais em funcionamento e organiza todas as estruturas de produção.

Na manhã de hoje, SLX14 lacrou todas as portas de acesso remoto, trocou todos os códigos de segurança, desativou qualquer conexão com na Torre Central e isolou a área onde se encontra.

The Observer

SLX14 has been with the Company since its foundation three centuries ago, when the Company was established in the Central Tower, during a decisive year for the survivors.

At the time, SLX14 was selected for its efficiency in their android configuration. Out of a hundred equals, its creator had developed codes that allowed it to detect irregular employee actions faster than other machines. Over time, in the absence of its builder, the android started to do the upgrades by itself. With each reboot, a new transformation in the system took place, expanding its attention beyond the tower and the company. It started following unsuspecting passersby or any citadel dweller. SLX14 understanding of the Network functioning combined with intelligence and the ability to interact with new configuration codes made it expand the Mechanism, linking all visual and digital points to a single data source.

The workroom, formerly a transparent dome, is now a dome with hundreds of thousands of observation cameras, modified over the years. Each inhabitant had a tracking code and identification data provided by an informational window on the screen where it was captured. For a hundred years or so, it has maintained its own maintenance, not depending on humans for any repairs or adjustments. During this same period, SLX14 reformulated the System and expanded its scope. Inside the protection belt, nothing escaped its control. It knew in advance what the probabilities of action – illegal or not – by the inhabitants would be. SLX14 controlled everything from food production to water purification. It kept vital systems running and organizes all production structures.

O Mercador de Tapetes – Miniconto

O Mercador de Tapetes – Miniconto

“I am not from hereMy soul came from the land of deserts, Date trees & OasisesI can sense it in my love of watching golden red sun setsIn my longing for the endlessnessof the desertFor The Oasis & The lone … Continuar lendo

Histórias Fantásticas (2)

O Olho de Abadiy

“Contam os mais antigos que no coração da Montanha Azulada, no centro da Ilha de Dunya, existe um dragão. Seu nome é Abadiy.  Ele guarda a Eternidade. Controla o tempo e o que nele transcorre. Ele possui o poder de despertar o Fim. Por isso, dorme com um dos olhos abertos.

 O olho, de azul turquesa cintilante, é multifacetado e é a segurança da Vida. Cada pedaço cristalino da orbe é a alma de alguém e, cada uma delas é única e possui um único nome. O conjunto, compõe o Infinito e é protegido pela criatura.

Quando o olho de Abadiy fechar, tudo o que possuir uma alma, toda a criatura, todo o ser vivo, fará parte dele e dormirá para sempre.”

— Existe um mapa para se chegar até essa ilha, vovô?

— Muitos procuraram, mas em vão.

— Abadiy possui a minha alma?

— A sua, a minha, a de todos.

— Quando eu crescer dominarei esse dragão.

O avô cobriu de peles o pequeno Nakhob, resmungou um ‘vá dormir’ e levou com ele o Fogo. Do lado de fora da tenda, as estrelas pontilhavam o céu e as luas se alinhavam no horizonte.

A flor de Tul’la

Circe conhecia o poder das plantas e minerais de Althea. Guardava o conhecimento de Ganan em um livro, de páginas amareladas, dentro de um baú, escondido em seus aposentos. Mantinha-o longe das vistas de todos, especialmente do soberano que a acolhera na juventude por amor à sua mãe, Shadall. O livro continha receitas cuja leitura apenas podia ser feita à luz da luz minguante, uma vez por mês, e apenas ela decifrava as inscrições, conhecimento adquirido em tenra idade. Os chás e temperos de Circe complementavam apenas os pratos servidos ao soberano. Enquanto ele renovava-se e mantinha-se com saúde plena e corpo vigoroso, a corte envelhecia em tempo real, dando lugar a sucessores ambiciosos. Circe amava Ronnin, seu rei e protetor, por isso, os inimigos do rei tinham vida curta.

O veneno preparado por Circe vinha de Tul’la, uma flor branca, emergida dos lagos ao sul do castelo, perto do mar. Para ter o efeito desejado, era preciso colhê-la entre o pôr-do-sol e a lua cheia e recitar o verso do livro.

Tul’la blóm,
Milli sólar og tungls,
Milli dauða og lífs.
Snúðu nóttinni,
Snúðu deginum,
Látum réttlætið ná fram að ganga.

Nota:
Flor de Tul’la,
Entre o sol e a lua,
Entre a morte e a vida.
Vire a noite,
Vire o dia,
Que a justiça seja feita.

Créditos das imagens: Evelyn Postali

O Gato Azul – Miniconto

O Gato Azul – Miniconto

Ori nasceu em família de muitos irmãos e irmãs, em um terreno baldio no centro de uma grande cidade. Moradores de rua e miseráveis que eram, viviam do que encontravam em terrenos vazios ou fundos de restaurantes e da misericórdia … Continuar lendo

O Coração de Sayuri – Miniconto

O Coração de Sayuri – Miniconto

A floresta da Solidão é uma floresta fechada, com árvores frondosas e poucas trilhas internas. Existem muitas cavernas desconhecidas cujos caminhos se bifurcam fazendo os exploradores se perderem em seu interior. Haiato, homem maduro, já experiente pelas inúmeras viagens exploratórias, … Continuar lendo

O Navegador – Miniconto

O Navegador – Miniconto

William Eduard Phillip Kay III era navegador, assim como seu pai foi, e como o pai de seu pai, e os que o antecederam. Cruzar sistemas solares, passar por nuvens de meteoritos, atravessar a cauda gasosa de cometas o fazia … Continuar lendo

A Flor de Tul’la – Miniconto

A Flor de Tul’la – Miniconto

A flor de Tul’la Circe conhecia o poder das plantas e minerais de Althea. Guardava o conhecimento de Ganan em um livro, de páginas amareladas, dentro de um baú, escondido em seus aposentos. Mantinha-o longe das vistas de todos, especialmente … Continuar lendo

O Olho de Abadiy – Miniconto

O Olho de Abadiy – Miniconto

“Contam os mais antigos que no coração da Montanha Azulada, no centro da Ilha de Dunya, existe um dragão. Seu nome é Abadiy.  Ele guarda a Eternidade. Controla o tempo e o que nele transcorre. Ele possui o poder de … Continuar lendo

Histórias fantásticas (I)

O Caminho para Yris

I

Yris é uma pérola cristalina cercada de nada por anos-luz na imensidão do Universo conhecido. Situada fora de qualquer galáxia, é um universo dentro do Universo girando sobre si mesma. Assim como não se sabe a origem do Universo, não se sabe a origem de Yris. Alguns dizem que ela é o início de tudo e o fim.

Para se chegar até a esfera central, o Coração de Yris, deve-se escolher um dos doze Caminhos. Cada um com as mesmas características e com a mesma visão de seu centro. Do lado de fora, é possível ver as doze entradas cujas portas são elos cobertos por uma cortina multicolorida e translúcida. Os registros de quem chegou até uma das aberturas, sem adentrar, são vagos.

A Capitã Leyna está ciente que o caminho de qualquer viajante para Yris deve ser trilhado com cautela, mesmo em um transporte espacial igual àquele.

Ao cruzar os primeiros portais, o Cristal de Yris já é visível. A aura azulada espalha a luz pela imensidão. É um caminho luminoso em um túnel gasoso de linhas mescladas por cianos e lilases. Isso, no entanto, não significa segurança. A intensidade do brilho das Cadentes é determinante na indicação de colisão. As Cadentes transpõem a barreira aeriforme ao menor descuido. É preciso estar atenta à intensidade de brilho.

As vias gasosas se bifurcam e se cruzam e, no encontro, há turbulência perigosa. Desestabilizam os mecanismos de direção e travam a velocidade da nave dificultando o percurso. Um piloto experiente sabe manobrar e contornar as esteiras, sempre para o lado oposto da via que estiver sobreposta.

Vencer o caminho gasoso e turbulento ou as Cadentes, não significa chegar até Yris. Ao cruzar o quinto portal, aparecem os pontos luminosos. Não são estrelas. São os Guardiões, que cercam a esfera como um cinturão. São eles, através de sua percepção, aqueles que determinam a passagem definitiva ou não do viajante. É preciso ser aceita por eles.

A Joia de Kaumã

O cinturão preso em seu corpo reluzia ao menor sinal de invasão ou perigo. Fora lhe dado por uma das grandes feiticeiras das Terras Escuras, além das Montanhas de Ébano, depois das florestas, cujas árvores frondosas e retorcidas criavam um barreira de espinheiros sombrios e venenosos.

Guerreiro algum que atreveu-se a impor sua espada contra aquele território voltou para contar a façanha e o reino de Mira mergulhava em sombras eternas. Escravos das vontades do autoproclamado imperador, o povo faminto e medroso trabalhava nas minas, nas forjas e na agricultura, enriquecendo o soberano e munindo suas hostes de armas. Os mais jovens seguiam para o exército depois da alma aprisionada, poder conferido ao tirano pelas mesmas forças sombrias que lhe presentearam o cinturão.

Os anciãos, sabedores das profecias mais antigas, aguardavam a alma corajosa capaz de destruir a joia que fortalecia o tirano e libertar o reino de seu poder maléfico. Na noite do solstício de inverno, quando a Lua azulou os campos nevados, a joia reluziu.

Créditos das imagens: Evelyn Postali

O Caminho para Yris – Miniconto

O Caminho para Yris – Miniconto

I Yris é uma pérola cristalina cercada de nada por anos-luz na imensidão do Universo conhecido. Situada fora de qualquer galáxia, é um universo dentro do Universo girando sobre si mesma. Assim como não se sabe a origem do Universo, … Continuar lendo

A Joia de Kaumã – Miniconto

A Joia de Kaumã – Miniconto

O cinturão preso em seu corpo reluzia ao menor sinal de invasão ou perigo. Fora lhe dado por uma das grandes feiticeiras das Terras Escuras, além das Montanhas de Ébano, depois das florestas, cujas árvores frondosas e retorcidas criavam um … Continuar lendo

As Necromantes

As Necromantes

Aideen nascera sob a lua da profecia. Ao tatear a última porção de sangue da taça, proferindo as palavras contidas no antigo livro de rituais e encantamentos, o calor percorreu os dedos e lhe tomou o braço. O corpo ardeu … Continuar lendo

Nara – Conto

Nara – Conto

— Vem, Nara! Vem! — Ele a puxava pela camiseta, insistente. — Vem brincar! Vamos subir. Aquele garotinho, conquista recente do parquinho e dono de um sorriso irresistível, não tinha mais do que oito anos e ela, mesmo não sabendo … Continuar lendo

Os anões, o alemão e o azulejo de Athos Bulcão

Os anões, o alemão e o azulejo de Athos Bulcão

— Eu já disse: prrecisa me soltarrr, investigadorrrr Almirrr. Eu sentia uma puta vontade de tocar uns petelecos na raiz do ouvido do alemão. O meliante não parara um só minuto de se remexer na cadeira. A cada segundo olhava … Continuar lendo