Sala de Espelhos – Miniconto

Descobriu-se presa na sala de espelhos; sua imagem, tão vívida, replicada incontáveis vezes. Mesma altura, mesmos vícios, mesmo vinco na testa. Viu-se presa no caleidoscópio multicolorido. Mas não era ela. Eram as outras. Suas versões. Ela, desbotada, dissipada em crenças e ideias sobre o mundo. Ela sem cor, se esvaindo, sugada pelas outras.

Avançou para uma das imagens, perpassou-a, ganhando corpo, incorporando-a. Encheu-se de si.

Fez isso com cada uma delas até completar-se na última, roubando cada reflexo seu.

Na sala, nada ficou senão vidros vazios, refletindo o nada. Ela, no centro, internamente refletida, multicolorida, multivocal.

Gritou tão alto e tão forte! Quebrou os painéis. Dissolveu a sala em pedaços reluzentes, todos espalhados como um tapete a cobrir o chão. Ao seu redor e sobre sua cabeça, a escuridão. Foi quando as paredes ruíram e o labirinto se desfez.

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